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Julgo que na nossa infância possuímos um filtro tecido com a ingenuidade, a ignorância, a concordia e algum amor que nos faz ver e viver a realidade em tons coloridos que julgamos eternos e duradouros.
Mas eis que senão quando, fruto do crescimento, da socialização e da rudeza do quotidiano, este filtro se começa a dissipar e damos por nós a olhar a realidade ou os outros, sem filtros, sem nuances coloridas, numa realidade nua e crua onde mostram aquilo que verdadeiramente são, no que de bom e mau neles existe.
E continua a ser para mim, um choque esta descoberta, da vivência dos meus 33 anos, ainda sofro um violento embate de cada vez que vejo os outros sob a dura capa da verdadeira realidade, ou do seu verdadeiro eu. Quando descubro o que de pior há nas pessoas, sofro, principalmente se me são próximas e mais ainda, se nunca as tinha visto sob este prisma, ou desta forma.
Hoje estou assim, agoniada com estas tristes descobertas, cada vez mais impressionada com esta família que me rodeia, que eu conheço cada vez menos, a cada dia que passa...
Diz-que que "as pessoas estão sós porque constróiem muros em vez de pontes", nem sempre se confirma e eu infelizmente conheço excepções a esta "regra"...
Os meus pais, construtores de verdadeiras "auto-estradas" e não de pontes, numa dádiva e entrega constante aos outros, desde tecto ao afecto, casa sempre cheia, muito trabalho, muito cultivo, muito guardar para dar, muito servir, fazer em prol dos outros.
Agora no outono da vida, já com menos capacidades para esta dádiva, este fazer para os outros, eis que estes "outros" se revelam, sanguessugas que acharam tudo pouco, tudo nada, hipócritas que conviveram na nossa casa e agora rosnam que nada lhes foi dado, invejosos que querem ainda mais, querem tudo e ainda consideram ser pouco!
Entregues a eles próprios, vêm-se sozinhos nesta altura da vida, onde só queriam paz de espírito e algum acolhimento, sem mais nada...
Esta família que me dilacera o coração, que me tira horas de sono, que revelou o pior que há nela, como nunca pensei vir a conhecer...
Construamos pontes, sim, mas tenhamos a certeza que são sólidas, com base em sentimentos verdadeiros e que sobre elas passem relações partilhadas por ambos os extremos.
Imagem daqui
- "Menina, tens 33 anos, já passas-te há muito a fase da infantilização e do amuo... Cresces-te e já não estás para aturar estas coisas..."
E não, não estou para isto! Alguém ontem me dizia, que "as boas ou as más acções, ficam com quem as pratica..." Esta atitude vai ficar com quem a praticou, se estão à espera de birrinhas, beicinho, perguntas e amuo-os, estão enganados.
A minha avó dizia-me muita vez: "conforme a música que tocam, assim a gente dança!"
Pois se é assim que se comportam, é assim que eu vou "dançar"...eu que até ando nos Alunos de Apolo a aprender!!
Não tenho irmãos, sou filha única, por isso, sempre imaginei uma relação com um irmão, se ele/a existisse, como algo perfeito (portanto impossível!!), numa comunhão completa de tudo, do pensamento, da opinião, da amizade, da presença, numa partilha só nossa, do que de mais nosso pode haver.
Como isto nunca vai ser possivel, reflicto nos outros esta minha busca incessante pela relação perfeita com um irmão(ã), sendo o meu marido o principal implicado porque tem uma irmã mais nova. Acabo por condenar certas atitudes e não entendo a relação quase inexistente, que não passa de um olá semanal, com conversas de circunstância acerca de novos jogos ou novas séries televisivas e onde a maior partilha feita é acerca da aquisição de um novo veículo! Em que as divergências de opinião e as mágoas entre ambos, são mais depressa dividias com a Mãe, que passa o tempo a fazer de intermediária, como uma triste vilã de uma qualquer novela venezuelana...
Sofro com isso, consumo-me, sempre numa tentativa vã, de perceber onde se localiza o problema, a falha de comunicação, de tentar remediar anos de vivência que me dizem ser assim e cuja essência nunca vou perceber, porque não a vivencio.
Ontem, acho que finalmente me rendi às evidências, percebi que não vale a pena focalizar mais, nem tentar perceber, ou solucionar, o que não tem solução, irá ser sempre assim, esta "paz podre" onde cada um segue a sua vida, onde se faz uma chamada em caso de emergência e se sabe que do outro lado haverá disponibilidade, mas não passará nunca disso.
Em tempo algum existirá uma comunhão completa de tudo, do pensamento, da opinião, da amizade, da presença, numa partilha só deles, do que que de mais deles possuem... Se calhar há, mas da maneira que eles entendem ser e que eu não vou compreender...
O inicialmente planeado, era que os meus pais chegariam amanhã, mas por circunstâncias caninas e incompreendidas por mim, só chegam no sábado. Portanto, tudo o que eu tinha definido para fazer, ficou sem efeito.
É ver a minha rica cabecinha a burbulhar, a tentar organizar tudo de novo para que a minha "mental list" seja concretizada antes do "Dia D". Acho que só quem passa pelas coisas é que lhes sabe dar o devido valor. Neste preciso momento sinto que ninguém se apercebe do que sinto, do que passo, da falta que as pessoas me fazem, nem do turbilhão e da confusão que geram, ao faltarem ao comprometido.
Contudo rodopiam à minha volta as frases soltas ao vento, vazias de sentido:"Precisas de ajuda?".
Detesto que me digam isto, eu não preciso de ajuda, eu NECESSITO que se cheguem ao pé de mim, arregacem as mangas e me digam:"Que queres que faça?"
Esta última atitude faz uma grande diferença, não??
É apenas à "Cosa Nostra" que consigo atribuir e comparar as intrigas que presencio, como se uma qualquer direcção oculta, se infiltrasse no nosso dia-a-dia, com uma única estratégia: a de fazer pressão, ameaças para realizarmos acordos e encetar discussões, que decididamente, não nos levam a lado nenhum...
Uma autêntica telenovela venezuelana, da pior qualidade, a ser verdade, que poderia ser evitadada, com algum bom senso e uma boa dose de comunicação.
Eu, entretanto, contínuo sentada no meu sofá a ver a novela desenrolar-se, sem ceder à causa mafiosa, à espera que me perguntem alguma coisa, se tiverem o azar de o fazer, talvez haja mortos na causa!! Mas como sei que nem coragem para isso têem, porque não pertenço à organização, nem entendo o que é pertencer-lhe, vou ali, fazer mais umas pipoquinhas com sal, para devorar, enquanto aguardo as cenas dos próximos capítulos!!
Já repararam como os nossos actos têm, quase sempre, consequências na esfera pessoal dos outros? Como se, cada acto, fosse uma pedra que se atira para um lago e as ondas se propagam na esfera dos outros...
Desde da simples bica que se bebe no café da esquina, ao telefonema que se recebe, ou à visita que aparece, ou o convite para jantar que se faz a alguém, tudo isto envolve outras pessoas, necessitamos da sua atenção, que estejam disponivéis para nós, logo, "roubamos-lhes" tempo... Assim, cada vez menos os actos são "só nossos" e implicam directa ou indirectamente terceiros.
Por isso, acho, cada vez mais que nada se pode fazer de forma irreflectida, sem ser ponderada, principalmente se implica directamente os outros e temos, à partida, conhecimento disso.
Digo isto, porque sinto na pele diáriamente tudo isto, são telefonemas, visitas, chegadas e partidas, que me fazem alterar planos laboriosamente existentes na minha mente, que já por si, raramente são executados conforme planeado, porque a criatura não deixa, quanto mais haver terceiros que interferem neles, sem autorização!?
Ás vezes bastaria um simples telefonema a perguntar, se pode ser, se dá jeito...Mas não, é mais fácil tocar à campainha, dizer a não sei quem que vou e pronto, temos que estar disponivéis...
Eu, actualmente, não disponho do meu tempo conforme gostaría, ando ao sabor do meu filho, consoante ele permite, aproveito cada minuto de tempo útil para fazer andar a organização doméstica, e ter algum tempo para mim.
Por tudo isto agradeço a todos aqueles que têm amabilidade de telefonar a perguntarem se é oportuno e quando é que dá jeito, e fico irritada com aqueles que nada dizem e simplesmente aparecem. Mais, magoa-me quando extravaso a minha irritação e não a compreendem, como se fosse normal ter aquele tipo de atitudes, como se eu tivesse de aceitar, como se o tempo fosse todo meu...
O intuito deste post é extravasar o que sinto, raiva, irritação, sei lá, chamem-lhe o que quiserem!!
Ontem, sábado dia 2 de Maio, decorreu à semelhança de outros anos anteriores, mais uma procissão das velas na nossa paróquia, consiste num cortejo religioso em que uma imagem da Nossa Senhora de Fátima faz o percurso de uma capela da paróquia, pelas ruas até à Igreja Matriz, onde ficará exposta durante o mês de Maio, pormenor importante a procissão culmina com uma Missa, já na Igreja Paroquial.
Antevê-se que são necessários recursos humanos, materiais e logísticos para organizar tudo isto, desde avisar a polícia para reorganizar o trânsito, até às pessoas que levam o andor, arranjam as flores, etc, etc... O problema disto é que se esquecem sempre da Missa no final, devem julgar que por obra do Divino Espírito Santo, vão aparecer leitores, cantores, violas e afins??!!!
Pois, mas as coisas, aqui no nosso mundinho térreo, não funcionam assim!!! Senão vejamos: acabou a procissão, eu entrei na Igreja depois daquela multidão toda, dou-me conta que não estava ninguém no coro, apesar de alguns presentes no meio da assembleia animarem missas todos os domingos...
Lá incentivei (obriguei) quem viesse tocar e quem viesse cantar, chegámos ao sítio, era altura de ler a primeira leitura...ninguém se mexeu, ninguém se levantou, tudo olhava à espera, lá fui eu ler, acabando por se levantar quem lesse a segunda leitura...
Os cânticos foram todos escolhidos, ali, em cima do joelho, o melhor disto tudo, houve quem passasse por nós, que canta regularmente e não se tivesse juntado para nos ajudar!!
Tendo em atenção que a Igreja estava a abarrotar e eramos duas pessoas a cantar e uma a tocar viola!!!
Eu sei que fui porque quis, ninguém me obrigou a nada, mas caramba, como é que os outros conseguem ficar sentadinhos no lugar, impávidos e serenos?????
Bem, isto já vai longo, mas contínuo a perguntar-me onde está o espírito de serviço desta gente, e ainda melhor o que é que esta gente (e eu) vamos lá fazer??????
Dá-nos Tua Paz Senhor....Dá-nos Tua Paz!!!
AH!! FELIZ DIA DA MÃE (pra mim tá quase )
Isto parece tudo muito parado, mas é apenas aparência...deste lado daqui continuam e ultimam-se os preprativos para a chegada do rapazote, ele é compras, é pintar caixas, é montar coisas, é lavar, passar e arrumar roupa, mais fazer cortinados, forrar cesto...
Sem contar com o resto, quero deixar a casa com tudo no sítio, então acrescenta-se uma limpeza e arrumação geral a estas quatro paredes!! UFA!!
E o tempo a descontar...
Hoje fui ao curso de preparação para o parto e vim a reflectir sobre duas questões que nem sequer estão relacionadas:
Há pessoas que nos rodeiam assoberbadas de problemas, angústias, histórias de vida complicadas, com muita culpa, submissão e uma auto-estima inexistente, que os torna, nuns autênticos mártires e vítimas das sua própria existência!
São histórias infindáveis de problemas diários, que escutamos atentamente, que tentamos aliviar de alguma forma, sobre os quais muitas vezes conversamos, ou perdemos algum tempo precupados, mas que constantemente se remetem para as velhinhas frases: "estou farta disto"; "ninguém quer saber"; "já não dá mais"; "desisto"; "qualquer dia faço e aconteço"...entre tantas outras...
Queremos realmente acreditar que algum dia terá um fim, que a pessoa irá pegar a sua curta vida, entre mãos e fazer alguma coisa para a mudar, para viver um dia-a-dia menos penoso...
Mas passam dias, semanas, anos e nada! Nada muda, chegam a cair no descrédito, ao ponto de quem partilha as situações perguntar:" Mas ainda acreditas nisso?"
Eu QUERO acreditar que é possível, quero acreditar que todos temos uma palavra a dizer sobre aquilo que acontece à nossa volta!
Quero acreditar que é possivel fazer mudança, alterar comportamentos, sair do marasmo em que as pessoas vivem, independentemente de não agradar a quem está à nossa volta, que espera a a submissão...
Eu quero acreditar que amanhã, quando o telefone tocar, alguma coisa do outro lado mudou...
Eu, ainda acredito!
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