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Vivo à base de música, que me transporta pelos dias, sem pensar muito, sem escutar o corpo e a alma, seguir em frente, focar na música.
Só a música...
Hoje é esta
Vivo dentro dele, leve, quente, acomodada e moribunda.
Olho, através dele, a realidade lá fora, almejo-a, quero-a, mas o medo de sair, de falhar faz-me ficar dentro dele...
E os dias escorrem, os anos passam e vivo dentro de um ninho, leve, quente, acomodada e moribunda.
Quando terei eu coragem de sair de dentro dele, calcorear o caminho que tanto procuro e olho por entre o meu ninho...
Quando aceitarei eu que cair faz parte do caminho, que haverá sempre quem me ajude a levantar, que a realidade se acomodará aos meus passos e que o que importa no fundo é sair do ninho e VIVER!
Vou retomar um tarda nada, o da psicoterapia, já não sei quantos anos vão destes "ciclos psicoterapêuticos" como se houvesse sempre problemas que surgem, fantasmas que se impõem, que novamente me esmagam e me fazem "re-questionar" tudo. Sinto-os sempre como uma derrota sobre mim mesma, como se não fosse capaz de enfrentar sozinha os males que me oprimem e desta feita colocam tanto em causa...
Contudo encaro este retorno como uma necessidade, isso assumo sem culpa, pelo sofrimento que tenho sentido, por tudo o que germina em mim, a última consulta foi prova inequívoca disso, o nomear do que sinto fez-me perceber a dimensão do problema. A tomada de consciência trouxe-me ao mesmo tempo o choque sobre a realidade sentida, os meus alicerces, aquilo que considero inabalável, está a sofrer um valente abanão.
Está a ser difícil de aceitar, ainda mais fazer alguma coisa para mudar isso, mas quero acreditar que mais uma vez vou ser capaz de superar isto.
Por estes dias há novos ciclos que se iniciam, há quem comece o ensino básico, há quem case, há quem inicie uma nova formação académica, há quem se mude de país, de casa e de emprego e há quem tenha terminada a caminhada de Vida terrena.
A Vida é feita assim, de ciclos, de recomeços, de mudanças, de finitude, ensinando-nos que nada é constante, nada é para sempre, que nos cabe a nós seguir em frente, decidir, adaptarmo-nos e vivermos o melhor que a Vida tem para nos dar.
Tenho saudades de estar com as pessoas, com tempo, sem muita gente à volta.
Saudades dos meus, dos jantares combinados à última hora, do café, do gelado, do "aparece cá em casa".
Da disponibilidade, do relacionamento que agora se foi...
Já não pertenço ao dia-a-dia de lá, nem tenho dia-a-dia cá com ninguém em particular e sinto muita falta desta pertença, da partilha.
Comunico com alguns, poucos, diariamente, porque a amizade se manteve, porque o acesso a vias alternativas de comunicação é mais fácil, porque nos esforçamos para que seja possível e eu agradeço-lhes muito por isso, por ainda fazerem parte de mim, do meu dia-a-dia, apesar de já não "estarmos juntos"...
Muita arrumação ainda por fazer e por fim... Uma alma despedaçada e perdida por entre a Península Ibérica e o Reino Unido.
Pela enésima vez, deu-me para mudar aqui o estaminé, ver se retoma vida, sim porque tomei consciência que não vivo sem escrever por aqui...
No Domingo o Simão queixou-se de dores de barriga ao deitar, meio a rir, meio a sério, percebemos que devia ter algum desconforto menor e muita espertina!
Decorreu meia hora, entre gargalhadas, caminhadas e rabugice, sempre sozinho no quarto dele. Acabou por se deitar e chamar por mim, numa canção de embalo, entre o "quero a minha mãe e dói a barriga", sempre bem-disposto e mais como forma de chamar a atenção do que de dor propriamente dita.
Continuámos com as tarefas que estávamos a fazer, no andar de baixo, até que me afluiu à consciência a minha infância e percebi que não o poderia deixar assim.
Quantas vezes com a idade dele adormeci, a cantarolar a "canção do embalo" do "tenho sede" ou "anda cá mãe" e nunca vi o copo de água ou a minha mãe sequer?
Deitei-me ao lado dele, fiz-lhe massagens na barriga, ele abraçou-me e acabou por adormecer, serenamente.
Ontem, embalei a criança que eu fui, apaguei-lhe o desconforto, mas sobretudo a carência de amor...
Ora segundo opinião de quem sabe, parece que foi a figura de que servi no passado fim de semana, reconheço que fiz um comentário infeliz e descabido, a três pessoas presentes e como quem conta um conto, acrescenta um ponto, foi logo divulgado junto de terceiros que por sua vez o acataram como uma afronta pessoal e mais, um vil ataque à memória de alguém que já partiu.
Longe de mim tal intenção, não queria de todo magoar as pessoas nestes termos, então eu que já sofri tanto com o mal que me fizeram e disseram, não quero mesmo assumir este papel perante os outros. Mas também acho que empolaram a situação de tal forma, aliás levaram-na ao limite do imaginável...
Sei que são pessoas com vidas complicadas, estão fragilizadas e a passar por situações difíceis, também percebi que coloquei o dedo na ferida, logo muito facilmente servi de bode expiatório, foi mais fácil ficarem tristes e zangados com o meu comentário e comigo do que olharem e repararem a sua própria vida.
Espero ter suprido o propósito de alívio psicológico da pressão que sentem com o seu quotidiano e rezo para que recuperem a calma e a serenidade e sobretudo que Deus os ajude a levarem o jugo desta Vida em bom caminho.
Esta fase pré-férias, que antecede a longa viagem com o (espero eu!) abraço final é tão ansiogénica!
Aglomeram-se coisas e roupas, num sofá do escritório, há listas com coisas para fazer, outras para comprar e até já para trazer.
Olha-se para as datas dos iogurtes ou do que for e pensa-se que naquela data estaremos longe, olha-se para o calendário e pensa-se daqui a oito dias estaremos lá a fazer isto ou aquilo, com A e B.
Bem sei que vai passar rápido, que temos burocracias para tratar, haverá dois eventos finais a rematar as férias, dos quais antevejo vir a precisar de descanso, mas nada disso importa...
Agora, que decorram calmamente os dias que ainda faltam e venha a jornada das quase 10 horas de caminho para aquele abraço!
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