Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
De como é desgastante estar o dia inteiro com o Simão a cargo, são estas horas e estou esgotada, até a paciência se foi.
O que me preocupa é mesmo o mês de Abril, férias escolares de 4 a 23!
Sem qualquer perspectiva de visitas durante este tempo, para me ajudarem a suportar e ultrapassar isto...
Vou dormir, recarregar baterias, amanhã será outro dia!
Porque há pequenas coisas que chegam até nós, que fazemos por nós, que fazem toda a diferença nos nossos dias!
É o sentimento que me invade neste momento, muito planos, edificados na minha cabeça que pareciam concretizáveis, mas o tempo vai passando, a conjuntura não melhora e nada parece estar em sintonia para que se concretizem.
Os planos nem são assim tão absurdos, estavam até bem delineados, mas quando a pessoa se debruça sobre eles, os quantifica no papel, com prós e contras, começa a somar ambas as partes e a aperceber-se de que as perdas financeiras serão grandes, apesar de considerar que os ganhos físicos e psicológicos seriam bastante compensatórios!
Assola-me um misto de sentimentos, de frustração acima de tudo, mas também a ambivalência de pensar que o merecíamos e que estamos a trocar o que é prioritário, que no fundo somos nós, esta família de três que vive aprazivelmente nesta ilha sem sol e sem família por perto.
O mais certo é ter de aceitar que não há grande volta a dar a tudo isto e simplesmente adiar, mais uma vez...
Na sexta-feira a rua começou a encher-se de água, militares ao início da noite com sacos de areia para salvaguardar algumas habitações, autoridades a avisarem os moradores de que o rio tinha transbordado do leito e iria com certeza invadir não só as habitações circundantes, mas também a rua, não se tinha conhecimento de como é que as coisas iriam acontecer.
Os militares a descarregarem sacos de areia e colocarem à porta das casas, já se consegue ver a água a invadir território.
O temporal instalou-se pela noite fora, foram apenas alguns chuviscos, mas o vento, era tão forte que eu tinha receio que nos partisse as janelas, apesar de serem janelas duplas e bem calafetadas, sentia-se e ouvia-se o vento a assobiar e a entrar por entre as frestas. Como era de prever, a noite não foi das melhores.
De manhã acordámos cedo, a rua já tinha um lago, os automóveis passavam muito devagar, chegaram mais militares, a polícia, autoridades, fecharam a rua ao trânsito.
O marido perdeu a esperança de ir trabalhar de carro e eu de ir ao mercado comprar a fruta e legumes.
Digamos que me senti bastante frustrada, porque havia quem circulasse através da água com uma galochas nos pés (que nenhum dos adultos desta casa tinha) e a menos de quinhentos metros da nossa casa, a vida decorria normalmente, como se nada fosse.
Um rio à porta de casa, logo pela manhã!
Por volta das 11h da manhã, vieram os "neighbours watch" pessoas credenciadas para dar apoio aos moradores da rua, saí de casa e perguntei se poderia sair de casa de carro, disseram-me que podia sair com o carro, mas no regresso teria de o deixar do lado de lá da cheia.
Não acedemos com receio de precisar de um meio de transporte numa emergência e não termos como.
Perguntei como poderia sair de casa, responderam com umas galochas!
Não tenho nenhumas!
Resposta eficaz do senhor: coloque uns sacos de plástico do lixo nas botas normais para conseguir atravessar a água.
Assim fiz, mochila às costas, as botas mais velhas que tinhas em casa nos pés, sacos do lixo em cada bota, fui.
Cheguei à outra ponta com um dos pés encharcados, mas dirigi-me à cidade, fui logo comprar os frescos e segui em busca de um par de galochas para nós, o marido foi fácil e bastante acessível, já eu!
Já não é novidade que nunca encontro o meu tamanho de calçado por aqui e que acabo sempre na secção de crianças, mas desta feita deparei-me com o facto do cano das galochas de criança ser mais baixo do que nas galochas de adulto, o que para as necessidades envolvidas, era um entrave, grande e bastante molhado.
As galochas para os adltos desta casa!
Já sem perspectivas de um regresso com pés secos a casa, acabei por entrar numa loja cara aqui do burgo a Joules e por entre as promoções de galochas, encontrei alguns tamanhos pequenos, a minha sorte!
Trouxe um par nos pés (só quando cheguei a casa é que me percebi que a preço normal custavam uma pequena fortuna! Lucky me!) e vim com a mochila às costas e mais um saco nas mãos, a passo de caracol que o peso era bastante!
Consegui atravessar o "rio" de regresso a casa, sem mazelas de maior, reabastecer o frigorífico e fazer a sobremesa do fim de semana!
Apple pie, sobremesa de Domingo!
Eu sei que é por todo lado e aí em Portugal as coisas não estão melhores, o problema é que aqui na Ilha, os campos e jardins já não têm mais capacidade de absorver a água, tenho quase uma piscina nas traseiras, a ruas estão cheias de água, os rios, ribeiros e riachos já não têm mais capacidade e transbordam para fora, há imensas pessoas com casa inundadas, o sistema de escoamento de águas está cheio e já transborda por tudo quanto é sítio.
Só se vê água por todo o lado, mal consigo andar pelos caminhos para ir trabalhar e a chuva continua a cair, sinceramente, não sei quando nem onde é que isto irá parar...
O rio Lamborn, que passa mesmo por detrás da nossa casa, quase atingir o topo possível....
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.