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Que amanhã, vou estar com os meus, abraçá-los a todos, um de cada vez, chorar de cada vez que sentir aquele abraço apertado, conhecer o meu sobrinho pessoalmente, sentar-me à mesma mesa todos juntos, é de uma alegria e de uma satisfação incomensurável.
Hoje é só isso que Te peço, que me, (nos) permitas isso, nem que seja a última vez...
"Naquele tempo, Jesus entrou em certa povoação e uma mulher chamada Marta recebeu-O em sua casa. Ela tinha uma irmã chamada Maria, que, sentada aos pés de Jesus, ouvia a sua palavra. Entretanto, Marta atarefava-se com muito serviço. Interveio então e disse: «Senhor, não Te importas que minha irmã me deixe sozinha a servir? Diz-lhe que venha ajudar-me». O Senhor respondeu-lhe: «Marta, Marta, andas inquieta e preocupada com muitas coisas, quando uma só é necessária. Maria escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada»."
Do Evangelho de hoje (Lc 10, 38-42)
Negrito meu...
Chegámos os dois a casa por volta do meio dia, sua exa. não se quis descalçar, sentou-se no sofá.
Fui tratar do almoço, quando saio da cozinha, tinha tirado os sapatos em cima do sofá, eram quilos de areia em todo o lado e não estou a exagerar, sofá, chão, um rasto de areia...
Levei-o para o quintal, fui buscar o pó de talco, tirei-lhe as meias, até no meio dos dedos tinha areia, pus-lhe pó de talco, saiu tudo, voltou para dentro e quis o pó de talco, disse-lhe que não, coloquei-o em cima da bancada da cozinha, vim para a sala.
Sai ele da cozinha disparado, todo branco, imaginam, não imaginam?
Entretanto diz que não quer almoçar, quer só bolachas, pois, então não?!
Foi buscar as tintas para pintar, disse-lhe que estavam secas que temo de ir comprar mais, quando viermos de férias.
Não contente abre o frasco da tinta preta, aperta com toda a força a olhar para o buraco da tampa, saiu um resto de tinta.
Acabei de estar 10 minutos na casa de banho a tirar-lhe tinta dos olhos e a mudá-lo de roupa.
Vou pôr a máquina a lavar a roupa, ele ficou lá em cima, está muito calado, já imagino que virá aí a seguir.
Ainda só são 13h50...
Entretanto o vizinho com três criaturas pequenas, grita como se não houvesse amanhã, para estarem quietas.
Estas temperaturas a rondar os 30ºC por aqui, há quase três semanas, andam a fazer mal a algumas cabeças mais pequenas, só pode...
Reaprender uma língua nova, com esforço, ficar por vezes sem perceber o que nos dizem, ver televisão com legendas em inglês, porque falam tão depressa que é difícil de acompanhar, ou ainda confrontar-nos com alguém que fala com calão ou com uma pronúncia qualquer e ficarmos completamente sem perceber nada...de nada!
Viver diariamente situações novas, seja em que âmbito for.
Vivermos injustiças, porque não somos "de cá", não temos desenvoltura na linguagem, nem a mesma educação, muito menos a mesma cultura.
Cozinhar e comer coisas diferentes.
Fazer sacrifícios.
Ter saudades, mas daquelas que doem, diariamente, carregar no peito todos aqueles que nos são próximos, familiares, alguns amigos, mas também a nossa cidade, a nossa comida, até certos cheiros e locais.
Dar mais valor ao que é nosso, e também aos nossos.
Só contarmos connosco, os três, esta pequena família, que vai para todo o lado junta, que enfrenta tudo junta, que faz tudo junta.
Adaptarmo-nos continuamente, até onde não pensávamos ser possível, mas somos e seremos sempre.
No fundo é recomeçar do zero, num país diferente, com tudo o que isso acarreta, mas com os pés assentes na terra e a cabeça, erguida, para o Alto, porque de lá virá sempre o nosso amparo e a nossa confiança.
É como me sinto, psicologicamente esgotada, o ser mãe 24h por dia, ao fim de um ano e muito poucas pausas pelo meio está a deixar-me extenuada.
Ele está insuportável, provoca até não poder mais, põe à prova, não faz nada que se lhe peça à primeira vez, nada! Tem que se tudo negociado, que por vezes acaba em tom autoritário, quando não é no castigo ou com a palmada no rabo.
A chegada do mais novo da família, veio destabilizá-lo, julgo que são ciúmes pela atenção que lhe estamos a dar, longas conversas pelo skype, que nem sempre acabam da melhor forma.
A minha sogra ficou chocada com o comportamento dele, perguntou-me se ele era sempre assim e como é que eu aguento?
Pois não sei, a muito custo e por conta da minha fraca estabilidade psicológica.
O ideal era passar um fim-de-semana "sem filho", mas na impossibilidade de isso acontecer, já só peço as férias.
Se bem quem com o que ele tem demonstrado até aqui, não antevejo nada de bom, vais ser ainda mais irrascível e mal comportado para chamar atenção e por muito que eu descanse um pouco sobre quem me rodeia, nomeadamente os avós e a madrinha, não me posso demitir da minha posição de mãe.
Ainda faltam decorrer alguns dias até irmos e tenho que arranjar coragem para isso, mais o que poderá ainda advir...
Não me caberia a mim fazer um relato do que se passou entre sexta-feira, e Domingo de madrugada, numa conhecidíssima maternidade lisboeta, mas a indignação, a ansiedade porque passámos todos (eles lá e nós aqui) foram tantas, que tenho necessidade de escrever sobre isso.
Em traços gerais, o internamento deu-se por volta do meio dia de sexta feira, com 41 semana de gestação, para induzirem o parto, monitorizaram a mãe e a criança, e dá-se a primeira queda abrupta do ritmo cardíaco do criança, ninguém percebeu porquê, alterarram o método de indução, e administraram um comprimido via oral, começam as contracções.
O dia todo com contracções irregulares, por volta das 20h, novo comprimido, passou a noite com contracções, sem ctg posto, os técnicos descansaram e pediram-lhe para fazer o mesmo: "se sentir dores toque."
Sábado de manhã, quase nenhuma dilatação, contrações irregulares, meio da tarde, mais um comprimido, nova queda abrupta do ritmo cardíaco da criança, alvoroço completo na enfermaria, soro e ctg, às 17h começou o trabalho de parto activo.
A partir daqui, deixei de falar com ela, passei a comunicar com a minha sogra, sei que esteve com contracções severas até ao início da noite, administraram a epidural, à 1h da manhã tinha seis dedos de dialtação, aguardava-se que fizesse a dilatação toda para expulsar a criatura.
Neste entretanto foi fazer força a cada contracção, sem efeito, a criança não descia, pediu reforço da epidural.
Constatam que a criança estava de lado, mas que estava quase a sair, se fizesse mais força, não seria necessário o reforço, no meio de tanto esforço, nova queda abruta do batimento cardíaco do bebé.
Alvorço completo, mandam sair o pai da sala, levam-na para o bloco, procederam à episiotomia e retiraram a criatura com ajuda de forceps, para constatarem que tinha o cordão umbilical à volta do pescoço, o que não lhe permitia descer, e provocava a asfixia...
Foram 37 horas de trabalho de parto, que segundo ela, não deseja a ninguém, foi constatar que o que se aprende nas aulas de preparação para o parto, muitas das vezes não se aplica, foi cruzar-se com técnicos atenciosos e que explicavam o que se estava a passar, até outros que diziam palavrões em frente aos doentes, foi suportar contracções durante horas, um sem fim de toques por não sei quantos técnicos, ter levado pontos, ver a pequena criatura com duas marcas enormes na cara dos forceps e ter ficado com o coração em suspenso, nos útlimos 10 minutos do parto, depois de tantas horas de sofrimento...
Agora questiono, porquê que à segunda vez que o ritmo cardíaco da criança teve uma queda, não tentaram perceber melhor o que se passava e não lhe fizeram uma cesariana, tendo em conta que já tinha passado mais de 24h desde o início da indução do parto, não havia qualquer dilatação e a criança não estava posicionada para sair?
Contenção de custos? E a vida das pessoas, contará para alguma coisa?
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