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Hoje entrámos no 5º dia da caminhada, já lá vai o pequeno-almoço, o lanche da manhã e tarda nada o almoço.
Não tenho sentido fome, tem sido uma aprendizagem perceber que "vivo" sem manteiga, doces e chocolates.
Já se vêm alguns resultados, nomeadamente ao nível do volume na barriga e nas ancas, tenho sentido alguma fraqueza, não é fome propriamente dita, é fraqueza no corpo, hoje custou-me sentar o meu filho no carrinho das compras e mais ainda puxar o carrinho com ele e as compras lá dentro.
Esforço-me por fazer a minha vida normal, apesar de tudo.
Desde quarta-feira que tenho tido algum desconforto ao nível do estômago, porque faço normalmente digestões muito lentas e não tenho vesícula, o que com tanta mudança, não tem ajudado muito.
Há refeições que sabem melhor do que outras, porque vão mais de encontro ao nosso (ou meu) gosto, outras há que são mais difíceis de fazer.
Tenho em atenção que apesar do livro trazer receitas para cada uma das refeições a fazer nestes 31 dias, existe uma lista de alimentos permitidos e proibidos em cada uma das fases, e temos jogado com isso.
Ontem por exemplo fiz bacalhau assado no forno, só com cebola, pimento, alho e um fio de azeite, acompanhámos com brócolos cozidos ao vapor, nada disso vem no livro, mas sendo que se pode comer peixe e os brócolos são permitidos, resolvi arriscar, face à falta de ingredientes para a receita sugerida no livro.
A dieta também recorre imenso aos ovos, cozidos, em omelete e é algo que me custa muito a digerir, pelo que tenho substituído por outras coisas.
Encontrámos cá as salsichas de frango, o que nos facilitou a vida para os lanches entre refeições, dado que o queijo fresco por aqui não existe na mesma forma como em Portugal e digamos que requeijão com cenoura crua, não é algo que gostemos.
Tem sido uma aprendizagem, ao nível da alimentação, da confecção, dos acompanhamentos, do que se pode ou não comer, até mesmo no supermercado, descobrir que há produtos dietéticos, com baixo teor de gordura e de açúcares, embora a um nível muito mais reduzido e menos diversificado do que no mercado português.
De cada vez que alguém nos bate à porta e traz um envelope ou uma caixa para nos entregar, é uma alegria nesta casa!
E não têm sido poucas as vezes que isso acontece, familiares e amigos, no Natal, nos aniversários, ou só porque sim...
Vem logo o mais pequeno perguntar se é para ele, independentemente de quem tenha enviado e do que lá vem dentro, há sempre a alegria contagiante de abrir, descobrir, receber o mimo, e partilhá-lo, se for possível.
Vivi tantas vezes este sentimento quando era miúda, com os meus pais em França, era um bocadinho deles que vinha até mim, roupas ou outras coisas, o abrir a encomenda, o descobrir o que lá estava dentro, a contemplação maravilhada, a novidade.
Hoje em dia, sinto que se encurtam distâncias, que não caímos em esquecimento, fico com o coração e a alma sorridentes de contentamento, pelos gestos concretizados, pela partilha, pelo cuidado que cada um sempre tem naquilo que nos manda, no embrulho, na paciência e no pensamento para connosco.
Por isso sorrio, por isso as lágrimas arrasam os meus olhos, independentemente daquilo que chega, porque sei que não fomos esquecidos e que a amizade que nutro por todos e cada um, continua a dar frutos.
Entro na sala e vejo a toalha das mãos, que costuma estar na cozinha, muito esticadinha no chão.
Achei suspeito, questionei o meu filho acerca daquilo.
Responde-me: -É para ficar assim, no chão, assim.
A resposta ainda menos sentido me fez, pedi-lhe para apanhar a toalha, que eu levava para a cozinha:
-Nâo, mãe, agora fica assim, aqui no chão...
Pior! Mas fica aqui assim porquê? - retorqui eu.
Porque eu escrevi! - responde-me ele, encolhendo os ombros e a olhar para mim com os olhos de quem sabe que fez asneira e está a encobrir.
Exprimi um :- Ah!, escreves-te no chão e agora ficar aqui a toalha a tapar a obra de arte?!
- Sim, mãe, é isso, obra de arte...
Esbocei um sorriso e lá lhe fiz tirar a toalha do chão, o risco era pequeno, teve de o limpar com uma das toalhitas multi-usos para limpeza da casa, que tenho sempre por aqui, por causa destas e outras "obras de arte"...
No fim ouvi um "Ah! Muito melhor agora!"
Eu visto-me com camisolas coloridas, junto ainda écharpes com riscas que parecem o arco-íris e brincos com azul céu, fujo dos casacos e dos sapatos pretos, tirei até uma mala de tecido florido para usar por estes dias, toda eu sou cor, para me impor alegria.
Mas o céu teima em vestir-se de cinzento, em fazer cair chuva das alturas por vezes miudinha, outras vezes mais carregada, ontem, hoje e parece que amanhã...Horas a fio em que o cinzento, a chuva e o frio nos impõem a sua presença, como se não houvesse mais cor a vir do céu, senão esta.
E perante isto, a cor e a alegria que trago comigo, desvanecem-se e assemelham-se a mais um vulto cinzento.
Não tenho fome, não, nem me venho lamentar acerca disso! :)
O que me constrange é psicológico, como se tivesse falta de um conforto alimentar, que me é proporcionado pelo chocolate com o café ao fim do almoço, pela manteiga no pão ao pequeno almoço, ou ainda pela fatia de bolo caseiro ao lanche.
Chove a potes, a pequena criatura está de férias esta semana e como é normal, não se coibe de comer o chocolate kinder dele, nem o pão com a manteiga, nem o almoço normal, apesar de eu estar de dieta, afinal que culpa tem ele disso?
Dou-me conta desta luta para comigo mesma, em querer muito ultrapassar isto, perceber que vivo perfeitamente sem este amparo (falso) que me provoca a comida, ou melhor os chocolates e os doces e ainda confrontar-me com o facto de que cá em casa há um terceiro elemento que passa completamente ao largo de todas estas crises e mudanças e continua com os hábitos dele.
Segundo dia de luta, metade já cumprido, venha o resto...
Embarcámos os dois nesta aventura:
Hoje é o Dia 1.
Vamos ver se no fim dos 31 dia, temos os nossos objectivos alcançados...
Sonhei que estava ao sol, senti-o bater em mim, olhei o céu, azul, profundo infindável, acabei por me deitar ao sol, não sei onde estava, não interessa, era só eu e o sol, que reflectia em mim, senti-lhe o calor, o prazer de estar ali, apenas a desfrutar o momento...
(Já não são devaneios do meu subconsciente é mesmo falta de vitamina D que me está afectar. Está uma tempestade aqui de chuva e vento forte, mais parece Dezembro...e faltam precisamente 60 dias!)
Esta malha básica com decote em "V" da nossa estimada Zara, a preço acessível, desta cor e tamanho M.
Ontem procurei-a árduamente, enquanto o meu marido corria atrás do meu filho por entre trapos e farrapos femininos pela dita loja, mas não lhe pus a vista em cima.
Detesto criar expectativas em relação a alguma coisa, disponibilizar-me a despender o valor e depois não encontrar o que procuro.
Ontem fiz 37 anos, se há dois anos atrás alguém me dissesse que iria passar o meu trigésimo sétimo aniversário na cidade de Londres, ficaria boquiaberta a pensar como é que isso seria possível, mas certo é que foi!
Tínhamos que ir ao consulado português, o marido teria de tirar o dia de férias, assim sendo, que fosse no dia dos meus anos, sempre era oportunidade de estarmos todos juntos e de descobrirmos mais um pouco daquela cidade.
Logo pela manhã, antes de apanharmos o comboio, encontrámos dois amigos que fizeram um convite inusitado para jantar, pelo que o dia iria terminar em ainda melhor companhia.
Fomos para Londres, demorámos pouco no consulado, o que nos permitiu descer a Regent Street, ver imensas lojas e apanhar um banho de multidão.
Passámos por Waterloo, acabámos no St. James Park que circunda o Buckingnam Palace e fomos apanhar o metro em Westminster, mesmo ao lado do famoso Big Ben.
Regressámos de comboio, já bastante cansados, mas ainda com ânimo para um jantar em boa companhia, onde destoou o comportamento do meu filho, acho que a noite mal dormida o dia longo em caminhada não ajudaram à boa disposição...
Chegámos a casa tarde, surgiram logo telefonemas, faltou o dos meus pais, senti com o passar das horas na conversa que não iria ser possível falar com eles.
Passava das onze da noite quando lhes liguei, mas ninguém me atendeu o telemóvel, deitei-me cansada, mas com o coração pesado por esta falha.
Pensei que estando eles ainda vivos, era inusitado não lhes ouvir a voz neste dia tão especial, mas não se lembraram de ligar para os nossos telemóveis e o fixo esteve ocupado.
Hoje o rescaldo fez-se com tristeza e pesar na voz deles e minha e com dores num joelho devido à caminhada.
Foi sem dúvida um dia bem passado, mas abomino as consequências que o passar da idade já acarreta...
É no mínimo rídiculo, ter um carro estacionado à porta e não o conduzir...
Ontem apanhei uma molha ao regressar a pé com as compras, acabei por ficar o resto da tarde fechada em casa com o miúdo, porque o temporal era tal que não ia sujeitá-lo aquilo para fazer o resto das compras.
Ao final do dia o marido chega todo molhado a casa, porque a caminhada de 30 minutos debaixo de chuviscos e vento forte, nem permitiam manter um guarda-chuva aberto...e o carro ali à porta.
É muito frustrante e irrita-me esta minha falta de confiança, de auto-estima e de iniciativa, sobretudo de iniciativa, que me faz sentir que aos quase 37 anos a minha vida tem sido um marasmo, um autêntico marasmo...
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