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Por vezes quando beijo o meu filho penso naqueles que estão longe, os avós, os padrinhos, alguns amigos, que também gostariam de sentir o quente daquela bochecha rosada, o cheiro dele, a ternura daquele abraço, a alegria pelo carinho.
E muitas vezes há beijos que não sou eu que os dou, mas cada um deles que está longe...
E eu estou tão contente!
Os supermercados enchem-se de decorações, luzes, fatos e aberrações e claro...carving pumpkins! As fabulosas abóboras das quais se retira o interior e se fazem esculturas assustadoras para pôr à porta de casa, com velas lá dentro.
Eu já tenho a minha! Que linda que ela era, redondinha, pequenina, mesmo jeitosa!
Já a parti aos bocados e está na sopa!
Sim, pensavam o quê?
Há 8 meses que não sei o que é abóbora na sopa, porque por cá usam uma variedade diferente (squash pumpkin), muito doce.
Portanto, hoje em vez de figuras aterradoras, sai uma sopa portuguesa!
A máquina de lavar roupa que está cá em casa, andava a parar a meio do ciclo, deixava a roupa muito mal torcida e ultimamente deitava água fora.
Contactámos o senhorio e eis que foi agendada para hoje uma visita do senhor expert na matéria.
O primeiro sintoma ao facto de que a máquina não escoava água, foi que deveria estar entupida com alguma coisa, com o filtro localizado atrás da dita, não facilita as coisas!
Teve de tirar a máquina do sítio onde está encaixada, virá-la e levantá-la um pouco para aceder ao filtro, imaginam o que é que o filtro tinha lá dentro?
Papelinhos de protecção de cores, imensos!
O senhor chamou-me e fiquei atónita a olhar para aquilo! Mas os papéis escoam por onde?
Pelo espaço existente entre o tambor e a borracha, aliás o senhor disse-me que era extremamente comum isto acontecer, desde que os inventaram, são óptimos para as donas de casa e péssimos para os técnicos.
A partir de hoje, posso usá-los mas devo colocá-los dentro de um saco de rede, cumprem a função na mesma e não vão estragar a máquina.
Fica a dica!
Estou a fazer a minha ementa para a próxima semana, encontrei no site da vaqueiro, uma receita de salmão à bulhão pato, os meus olhos até se arregalaram contra o monitor deste computador.
Vou ao site do supermercado à procura de ameijoa, o que encontro unicamente é isto:
Sim, são mesmo ameijoas conservadas em vinagre, vulgo pickles.
Isto é uma ilha, é suposto ter uma variedade infindável de peixe e marisco fresco!
Não, em pickle!
Deve ser tão bom!
Dos meus pais, das conversas, de estarmos todos à mesa, do cheiro da minha Mãe, de estar lá em casa, de acordar de manhã e ir à varanda, olhar serenamente para a Serra da Estrela, lá longe, respirar fundo, de fazer festas aos cães.
De ir à Missa à minha Paróquia, de estar com o "meu" Coro, de cantar, de comungar, de rezar lá.
De ir almoçar ao Domingo a casa da minha sogra, de estarmos todos na conversa, das comidinhas boas que ela tão bem faz.
De passar um fim de semana na Sertã, de tomar banho com o meu marido e ficar descansada com o miúdo, de o ver correr e brincar por lá.
Do Simão brincar com toda a gente, de andar na mota do Tio, das brincadeiras doidas com o Padrinho.
Da Madrinha do meu filho, de fazermos a nossa manicure, de partilhar com ela um petisco, das nossas conversas de horas.
De poder deixar o Simão com alguém e ir jantar fora com o marido, serenamente.
De uma baguete shoarma do Pão Pão, Queijo Queijo, do hamburguer do H3, da francesinha da Tanite, do frango de churrasco da Grelha.
De ir à baixa sozinha, percorrer as lojas todas e mais uma.
De ir às Amoreiras, ir à Cadena, ao C&A, à Berska.
Tenho saudades do sol, que me aquecia o corpo e a alma.
E já lá vão 8 meses longe de ti...
Ao que parece o Coro teve a sua última prestação, só falta mesmo oficializar junto do Pároco.
Sinto-me como se estivesse sentada numa sala, a assistir ao último acto de um espactáculo, do qual fiz parte, que ajudei a encenar, a preparar e agora, quando se tocam e cantam os últimos acordes, fui-me sentar, longe, onde nem os meus aplausos de pé e em lágrimas se fazem ouvir.
Não haverá mais encontros ao Domingo, ao 12h30 no sítio do costume, nem ouvir músicas e pensar que ficariam bem nesta ou naquela celebração Eucarística, nem ouvir o salmo no sábado para cantar no Domingo, nem servir a cada Eucaristia daquela forma tão própria que só nós sabíamos tão bem fazer.
É como se me tivessem anunciado que alguém por quem nutro um carinho muito especial e a quem me tivesse dedicado, tivesse falecido e fruto desta distância que a vida me trouxe, não pudesse assistir ao último acto fúnebre do ADEUS...
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