Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Tive uma educação muito castradora, inibida de exprimir a minha opinião, rejeitada em tanto e com o perfeccionismo a imperar por cima de mim, no que tocava a toda e qulaquer realização de tarefas.
O prazer, em todas as suas vertentes, de alegria, de divertimento, de deleite e de desejo sempre me foram renegados, como se não fosse uma qualidade ou emoção boa, mas antes algo prejudicial, nocivo e proibido.
Isso trouxe consequência ao longo de toda a minha vida, controlo muito as emoções, mas mais ainda no que toca ao prazer de qualquer género, é sempre muito ponderado, examinado e sentido a medo, e quando o permito a culpa assola-me e pesa-me sobre o corpo e a consciência, dominante, castradora mais uma vez.
E mesmo ao fim de anos de psicoterapia, o ciclo vicioso continua, embora agora eu esteja consciente de que ele existe e daquilo que me faz sentir.
É uma luta contínua, em que temos de estar sempre alerta e não deixar que nos afecte, mas ó quantas vezes isso não acontece e me deixo levar pelo conformismo em detrimento do prazer.
Diariamente me deparo com isto, que vai desde tentar ter uma atitude mais positiva perante a vida e no meu dia-a-dia, até perceber que devo rejubilar e festejar o facto do meu marido ter conseguido um novo emprego!
Porque foi algo pelo qual anseámos e foi árduamente conquistado e sofrido, por isso, também merece celebração à medida: que tal uma ida a Londres, só os 3, numa de passeio e alegria?
Mas...há sempre um mas, o dinheiro das viagens, o dinheiro da alimentação, a chuva, o frio, a tosse do miúdo e podia continuar...
Amanhã é dia, vamos ver quem vence: a má vontade, ou a alegria?
É que assenta que nem uma luva...
A casa onde moramos, aqui no Reino Unido, é arrendada.
O senhorio, proprietário de quase toda a banda de casas seguidas da rua, resolveu começar a vender.
As casas existentes à nossa direita e esquerda já foram vendidas, faltamos nós.
O que é que tudo isto acarreta?
Primeiro as visitas da agência, ora para medir a casa, ora para tirar fotografias ao espaço, depois as visitas aos potenciais compradores.
Não imaginam o que é, abrem todas as portas e mais uma, desde o roupeiro, à despensa, nada escapa!
O Simão cada vez que vê gente chegar cá a casa, quer conversa, atenção e que brinquem com ele, obviamente que isso não se coaduna com este tipo de visitas relâmpago e sempre com gente diferente.
No fim disto tudo vem um cuidado acrescido da minha parte com a casa.
Esta semana as crianças estão de férias, por isso estamos mais tempo em casa e com outra vivência da mesma.
Os jogos e brinquedos proliferam por todo o lado, salpicados com migalhas de bolachas!
O que não ajuda nestas visitas constantes e constrangedoras.
Em última análise se a pessoa que comprar a casa não for um investidor que queira arrendar, mas sim alguém que pretenda viver aqui, teremos dois meses para procurar outra habitação.
Agora que a casa está limpa e organizada à nossa forma de estar...provavelmente vai recomeçar tudo outra vez!
O que é?
É uma iniciativa da Ursa Polar, do blog Quadripolaridades.
Consiste numa troca de postais de Natal, organizada por ela, do género do amigo secreto, só que em vez prendas, são postais!
Este ano vou participar!
Já mandei o email com os dados todos necessários.
Vou receber um postal de Natal de Portugal!
E alguém vai receber do Reino Unido!
Vai ser giro!
Em conversa com a Bea, ela disse-me que o que ganhamos com esta estadia aqui é o conhecimento de outras culturas, no melhor e pior que elas têm, sem pagar bilhetes para viajar!
De facto é verdade, o meu marido tem um colega de trabalho de nacionalidade turca, que também está cá há cerca de um ano, a esposa juntou-se a ele, estava grávida e a Melissa, nasceu no Reino Unido.
Por entre almoços e jantares, partilhámos pestiscos, formas de cozinhar, ideias, vidas.
Ontem estiveram cá em casa, conhecemos a Melissa pessoalmente, mais uma vez trouxeram-nos um doce tradicional turco: Baklava, eu partilhei rissóis.
Quero acreditar que construimos laços para a vida!
Estão de partida para a Turquia novamente, com um novo elemento na família, um novo emprego para ele e a mala cheia de novas experiências!
Desejo-lhes toda a sorte do mundo, do fundo do meu coração!
E que a Melissa cresça, saudável e feliz, com uma vida risonha pela frente...
E eu estou a fritar rissóis para os meus convivas!
E é tão bom, esperar alguém, ter uma coisinha especial para lhes dar!
Como em Lisboa, na minha casa, tal e qual!
Nem 10 minutos depois de ter postado isto, ouço o skype, era o marido.
Diz ele:
- Podes compras as botas e eu compro o Nexus 7 é quase o mesmo preço!
Não se lhes pode dar uma abébia sequer, vêm logo com trocas e baldrocas para satisfação dos desejos todos e mais alguns, ainda não percebi se meus, se dele!
Conheci a Bea, porque o filho dela anda na mesma sala do meu, aqui na creche.
Ela húngara, o marido português, travámos amizade, conversamos, partilhamos a mesma situação de vida.
Estão a tentar engravidar, mas de entre a primeira gravidez já por si complicada, um aborto entretanto, seguido de uma depressão e um aconselhamento de sair do país para mudar de vida, as coisas não se têm revelado fáceis.
E este mês após exames sucessivos, eis que se vislumbra uma possibilidade que se desaveneceu novamente hoje pela manhã.
Foi difícil vê-la chorar, no meio da rua, transtornada, farta de ter esperança em nada, ter de aguardar mais um mês e o tempo passa, silencioso, mordaz.
Fiquei sem saber o que lhe dizer.
Revejo-me muito nestas situações, porque o meu prognóstico relativo a uma gravidez, sempre foi relutante.
Alertaram-me para todos os cenários possíveis, aconselharam-me a não pensar muito nisso, que depois logo se veria, uma etapa de cada vez...
Tive sorte, muita sorte, porque não cheguei a conhecer este mundo da esperança estilhaçada a cada mês, dos tratamentos sucessivos, das ecografias, das injecções, dos males estares e das horas programadas para se fazer amor.
Da dor que é querer ter um filho, desejá-lo para lá do que é possível sentir-se e o tempo e o nosso corpo afirmarem-se contra a concretização deste sonho.
Eu felizmente sei o que é ter um filho no colo e vi este nosso desejo concretizado, contudo ver essa esperança amputada numa família que tanto almeja por isso faz-me sofrer e pensar na mágoa que estas pessoas carregam com elas no seu dia-a-dia.
Então a Hunter, tem estas galochas:
e ninguém dizia nada?!
É que com isto nos pés, tem se outro estilo, não parece que saímos ali do jardim, de plantar as flores para ir às compras ao supermercado ou buscar os miúdos à escola!
O único contra é mesmo o preço £125 (+/- 153€), estas coisas têm sempre de ter um senão...
Hoje é um dia para agredecer! Muito!
Finalmente, as coisas vão melhorar!
A Ti que nunca nos deixas-te esmurecer, nem ficar na completa escuridão: OBRIGADA SENHOR!
Estou de volta de rissóis de camarão!
Já conto com 9 feitos, deixem lá ver o que isto vai dar!
Para já estou contente, porque consegui pôr o plano em prática, agora depois de fritos e com uma boa dentada num, é que se vai ver!
Depois conto.
Wish me luck!
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.