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Fazem-se contas e continhas, verifica-se com um aperto no coração que cada tostão tem para onde ir, poupanças nem vê-las, extras então, nem pensar...
E vem aí um mês com dois aniversários cá em casa...
E a cada dia me questiono se isto foi realmente boa ideia...
Que fizemos nós dos ideais deste dia?
Amanhã o Simão vai para a creche, vão ser três manhãs por semana em que ele vai estar ocupado e eu, vou ter de sair do meu ovo protector e fazer-me à vida...
Estou assustada, pela minha insegurança na linguagem, pelo medo das tarefas, das pessoas, da nova vida, mas vai ter mesmo que ser, pelo bem do nosso orçamento familiar e para a minha sanidade mental.
Vamos então arregaçar as mangas, porque o trabalho nunca fez mal a ninguém e o medo, esse apenas nos quer tolher os movimentos...
Andar a pesquisar receitas para experimentar fazer pão, dar-me conta que preciso de um recipiente com tampa que possa ir ao forno e pensar que tenho uma panela de ferro com tampa, ou ainda um tacho em grés com tampa, que seriam óptimos para pôr isto tudo em prática mas...estão muito descanssadinhos, a 2123km de distância, numas prateleirinhas da minha cozinha em Lisboa!
Ontem tivemos a visita domiciliária das novas educadoras do Simão, vieram conhecê-lo no seu ambiente familiar, perceber a interacção com a familía e a forma como vivemos. Decorreu bem, foi rápido e eresponderam às nossas dúvidas.
Hoje foi dia de apresentação para todas as crianças novas deste trimestre, acompanhadas pelos pais, exploraram mais uma vez o espaço, tivemos uma pequena reunião onde nos foram apresentados os procedimentos.
Para a semana começa a integração dele, primeiro apenas durante uma hora, e vai aumentando gradualmente até perfazer a manhã.
Durante a reunião foi-nos solicitado o preenchimento de um formulário com os nossos contactos actualizados, e pediram encarecidamente que déssemos um contacto de uma terceira pessoa, além dos pais, que pudessem contactar no caso de qualquer eventualidade, porque quem normalmente não possui este contacto, acaba por ser verificar necessário.
E é em momentos como estes que as lágrimas me assolam os olhos e penso para comigo: quem? Aqui...aqui não temos mesmo mais ninguém...
Porque os dias não se fazem só de sapatos, roupas e afins, mas fazem-se também de saudade, muita, que dói, mói e perdura.
Nestas alturas tudo o que me faz lembrar o meu país, assola-me a consciência e o cante alentejano é um deles.
Lembra-me o meu pai, a fazer a barba de manhã cedo e a cantar os cantares da sua terra...
Já nos estou a imaginar, a chegar ao aeroporto da portela, em pleno mês de Julho, com o meu filho assim vestidinho:
Digam lá que não ficava lindo?
Lembra mesmo o Verão, o calor, a praia e sobretudo as férias!!
Tudo da H&M e a preços apetecíveis...
O meu computador é uma janela para o resto do mundo e além de me permitir manter amizades, também me permite ver lojas, que por aqui, nem sequer existem, sapatarias é uma delas, devem ser duas e com preços exorbitantes.
Por isso, os sites de compras online são o meu passatempo, o problema é ficar a suspirar pelas coisas e não concretizar nada daquilo que gostaria... enfim, fica a ideia, como este par de sandálias, chego à conclusão que ficam mais em conta na spartoo uk, porque não têm portes de envio associados.
Talvez se transformem num presente de aniversário antecipado, antes que o meu número esgote!
E foi tão bom tê-los cá, partilhar o que tem sido a nossa vida nestes últimos (quase) três meses: a cidade, a creche do Simão, o parque, as lojas, o mercado, o supermercado. O tempo instável, que nos presenteou com chuva, frio e sol.
A cidade de Londres, que vale muito a pena uma visita e que apesar de estarmos com uma criança, correu lindamente nos três dias que lhe dedicámos.
Por fim, no Domingo voltaram a sair pela porta por onde, oito dias antes tinham entrado, vi-os seguir no táxi, acenei-lhes e com eles foi um pedaço de mim.
Voltámos à rotina, e às saudades que matam...
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