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Esta ausência do meu marido, fez-me sentir muito desamparada, sozinha, insegura, andei sem rumo e desconcertada à procura de apoio e no meio desta tempestade, em que não vi nada senão o chão para apoiar a queda, acreditei em mim.
Reencontrei-me, saí do ovo da insegurança e fiz-me ao caminho, centrei-me mais em mim, e aos poucos tenho reencontrado algum equílibrio, alguma segurança, amor próprio e auto-estima...com pequenos passos, vou onde não me julgava capaz de ir, faço o que não acreditava fazer, suporto e ultrapasso o que julgava insuportável e intransponível.
Afinal dou-me conta, de que o que se lê e vê por aí, de que somos mais fortes do que aquilo que pensamos e de que é nas situações inesperadas que ressurgimos...é uma grande verdade!
Não fiz nenhum workshop, formação, ou outra sobre gestão e organização do tempo, mas sei dizer-vos que nestes últimos dois meses, julgo que fiz um doutoramento nesta área, por conta da elasticidade que o meu tempo tem, que vai desde a satisfação de necessidades básicas dos dois elementos desta casa, do suporte dado a quem está longe, da organização da casa, da logistíca de ter quatro pessoas diferentes que diáriamente vão buscar o meu filho à creche e ficam com ele cá em casa até ter tempo para descansar!!
Costumo dizer que chego ao trabalho já com "meio-dia feito", à hora de almoço em que venho a casa almoçar, aproveito para fazer outras coisas e à noite, para estar por estas horas no computador, foi um no-stop até ao deitar da criatura...
Não é fácil, nada mesmo, e esta organização acaba por ser necessária e de extrema importância para que o dia-a-dia deorra com alguma normalidade, mas sobretudo com equilíbrio e alguma paz de espírito.
Foi o que não tive na minha infância e tenho procurado a vida toda, aceitação por parte dos outros, de compreensão de quem sou e por fim, de alguém que me escutasse e assentisse...
Procurei tudo isto em muitas pessoas, por vezes nas pessoas erradas. Por fim, nos últimos dois meses, cresci e muito, atordoada à procura de quem se mantivesse firme a meu lado e me desse retorno de tudo isto e de repente percebi, que preciso de me aceitar a mim mesma, que se as coisas fazem sentido para mim e se me parecem correctas, não preciso do anuimento de ninguém (salvo uma boa excepção) para concretizar aquilo que penso e quero.
Como alguém me referiu: "bendita a hora em que o marido foi para longe..." cresci, abri os olhos e olhei para mim, eu que sempre aqui estive, eu que tanto preciso de mim mesma e que no fim de contas, me basto a mim própria!
Ao fim de quase 36 anos de vida, só agora começo a ver os outros como eles são verdadeiramente, até aqui via-os com os meus critérios e sob o olhar daquilo que eu sou.
Da forma como eu ajo, esperava que os outros agissem, da forma como eu sou e encaro a vida, esperava que os outros fossem e fizessem...
Descobri a dura realidade, os outros são como são, com qualidades e defeitos, modos de viver e fazer diferentes dos meus e agem, mesmo para comigo, deacordo com tudo isso. Por isso tenho que deixar de esperar que façam as coisas segundo os meus valores e princípios, segundo o meu sentir, ser e estar, porque isso, cara amiga...nunca vai acontecer.
São como são, sempre assim foram e vão continuar a ser, a solução é tão simples como aceitá-los dessa forma e agir em conformidade...
Com Ele falo dáriamente, a Ele agradeço o que tenho e sou, a Ele rogo por todos quanto quero bem e por dois seres em especial, com Ele comento o prazer que o Sol me dá ao bater na cara, o sorriso do meu filho, as conversas do meu marido.
Com Ele me aconselho sobre o dia a dia, sobre as pequenas e grandes decisões, pergunto, indago, duvido.
Sinto a Sua Luz na minha escuridão, sinto o Seu aconchego e principalmente a Sua presença a cada Domingo que passa.
Já falei ao meu filho da Sua existência, mas principalmente do Seu Filho e da imagem que d'Ele nos deixou. E o Simão antes de se deitar dirige-se à Sua Imagem e pede-lhe que olhe pelo Papá, pela Mamã e pelo Bebé! Sim Jasus! Boa Noite! E faz uma festa com a sua mão, como se condensasse ali, todo o seu carinho...
Foi o que aconteceu na semana passada, a redescoberta do Pai, pelo Simão, as brincadeiras condensadas em dois dias, as refeições todas feitas à mesa e a três, uma tarde inteira na conversa, duas noites em que se tentou recuperar um mês.
E chegou o Domingo, e partis-te novamente...
Já fiquei mais melindrada com o toque da campainha e o deparar-me com visitas, sem qualquer tipo de aviso.
Eu não tenho por hábito fazer isso às outras pessoas e também não gosto que mo façam a mim.
Mas hoje em dia, tenho outra capacidade de aceitar e perspectivar esta situação, se as pessoas vêm é porque se sentem à vontade connosco para aparecerem, é porque sabem que a minha casa tem sempre a porta aberta e estamos sempre disponivéis para receber.
E cada vez mais prezo o "estar" em detrimento de tudo o resto, o que levo desta vida são os momentos que partilho com os outros, com aqueles que me são mais queridos e gostava muito de transmitir isso ao meu filho, o estar com os outros é que importa, são desses momentos que são feitas as memórias que nos constróiem e nos tornam mais humanos...
Porque se subitamente me batem à porta quatro pessoas que nos vêm visitar, e eu como boa beirã que sou, detesto que as pessoas saiam da minha casa sem comer ou beber, decido fazer o jantar, no espaço de uma hora tenho pronta uma refeição completa para seis pessoas: uma limonada, um leite creme e um bacalhau com natas!
Sim, bem sei que é cara, que faz barulho e não faz tudo como aprogoam aos quatro ventos, mas que é uma preciosa ajuda e pode ser muito bem rentabilizada, disso, ninguém me retira a convicção!
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