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"Não digas que o trabalho é desperdiçado,
Nem que o esforço falha ou parece, no fundo;
Não digas que aquele ao dever curvado
É um entre os tantos sonhos do mundo.
Pois não é em vão que em golpes seguidos,
Com pressa medida, em fragor crescente,
O mar actua nos rochedos batidos
E invade a praia, ruidosamente.
É certo que enfrentam suas investidas,
Do seu bater forte parecem troçar,
Esmagam com força as vagas erguidas
E em espuma fazem as ondas rasgar.
Mas ele bate e bate com força
Em dias, semanas, em meses e anos,
Até que apareça mossa sobre mossa
Que mostre seus gastos, pacientes ganhos.
E os anos passam, as gerações vão,
E menores se quedam as rochas cavadas;
Mas ele, com lenta e firme precisão,
Baterá na terra suas altas vagas.
Certo como o sol e despercebido
Como duma árvore é o seu crescer,
Trabalha, trabalha sem ser iludido
P'la tenaz imagem que se pode ver.
E quando o seu fim de todo obtém,
Em sonoro embate, p'ra fender, se lança,
Seu poder imenso ainda mantém
E, inda mais além, nas águas avança."
Alexander Search [Fernando Pessoa], in "Poesia"
Em consequência da "desmazelada que sou" como ouvi recentemente, cheguei ao ponto de ter de desvitalizar um dente e colocar uma coroa, processo moroso e acima de tudo doloroso, findo este, entrei noutro processo não menos pesaroso, um cisto sebáceo, na zona do pescoço que existe quase desde que me conheço, que resolveu inflamar.
Entre o ver como evolui, o continuar a inchar e começar a doer-me, passaram três semanas, dirigi-me a uma dermatologista que me receitou antibiótico, antes de fazer fosse o que fosse. Passados os oito dias de tratamento (hoje), voltei à consulta, tentou drenar o cisto, mas a massa que o compõe ainda está tão rígida, que o desconforto a que fui sujeita com este processo, quase não serviu de nada.
Conclusão, tenho um autêntico "emplastro" na cara, tive de levar uma injecção de penicilina, tenho mais oito dias de antibiótico pela frente, findo isto, tenho que voltar para repetir o procedimento.
Digam lá que não teria compensado uma "medicina preventiva", em fez desta "medicina curativa", bem mais constrangedora?
Mas por muito que me pese a consciência pelo que não fiz, não posso voltar atrás no tempo e vou ter de aguentar isto e muito mais...
Por todos os motivos e mais um, regresso.
Não consigo viver sem este canto, sem este pedaço de mim.
Não me faz sentido apagar o que aqui está, muito menos criar de raíz um novo, no anonimato...
Por isso, estou de volta!
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