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Hoje, fomos acompanhar o "nosso" Padre João, à Paróquia que de hoje em diante o chamará Prior e na qual ele servirá.
Uma Missa presidida pelo Cardeal Patriarca, um coro com órgão e violinos, cânticos litúrgicos a vozes, uma enchente de fiéis, tanta diferença e tanta semelhança! A angústiva de ver partir, a ansiedade de ver quem chega...mas sobretudo a expectativa do que será.
Acompanhá-mo-lo, como pais entregam os filhos a uma nova etapa de vida, na esperança de que tudo lhe correrá bem, mas sabendo no nosso íntimo que haverá um período de adaptação difícil, para ambos e da mesma forma que temos os filhos para o mundo, assim também hoje o entregámos à vocação e à Igreja que serve, nem sempre debaixo do nosso olhar ou tendo-nos como companhia constante, mas na certeza que tem e terá sempre um lugar muito especial no nosso coração!
Parece que carrego um fardo, pesado, grande, sofrido que se denomina responsabilidade e em quê que se traduz??
Em cuidar, cuidar do meu marido, do meu filho, da minha casa, dos outros. Um cuidar nada funcional, mais complexo e completo, que protege, que nunca falha, que está sempre lá.
E eu, cuido-me??
Não, nem me cuido, nem deixo que me cuidem.
Mas tenho expectativas, planos, projectos e objectivos, que não consigo cumprir, porque carrego o fardo da responsabilidade pelos outros.
O que é que isto dá??
Sofrimento, porque o prato da balança onde coloco os outros, pesa sempre mais do que o meu, porque os outros passam sempre antes de mim, porque quero fazer e ser tudo, porque não posso falhar, para e perante os outros essencialmente.
Sofro de uma angústia, de uma ansiedade que me confundem, que me pesam, que me abafam.
Pareço uma galinha, abro as asas e cabe toda a gente lá por baixo, bem protegida, cuidada confortável, mas quando chove, quem se molha...Sou Eu!!!
Vêm o que dá querer chegar a todos!!!
Quando é que vou entender que mais vale repetir-se o almoço, ter o chão sujo, mudar a fralda mais tarde se isso me permite ter tempo de qualidade e fazer coisas que me dão prazer a mim e só a mim!!!
Não entendo o medo que as pessoas têm daqueles profissionais, como se fazer psicoterapia fosse assinar um atestado de insanidade mental, ou sinónimo de ser portador de uma qualquer psicose grave, com direito a delírios e alucinações, ou ainda e não menos importante, ter uma personalidade fraca que não suporta os embates da vida!
Na minha modesta opinião, são profissionais de saúde que em reciprocidade com o indivíduo, através de métodos e técnicas que possuem, nos ajudam a reflectir, a pensar, sobre as diversas circunstâncias de vida, ou traumas vivenciados, nos permitem "nomear" os problemas, identificá-los e reconhecê-los para depois, aprendermos a solucioná-los e a viver com eles de uma forma menos sofredora.
E a "mudança na pessoa não acontece porque o psicólogo mexe com a cabeça, mas sim porque o processo terapêutico possibilita a mudança"!
Esta mudança existe e é real, p
arte de nós e é realizad a connosco, numa relação consentânea com um plano delineado e com objectivos terapêuticos.
Não tenham tanto medo de se expor, de partilhar, de procurar soluções, porque pode parecer muito complicado ao ínicio, e é verdadeiramente uma caminhada dolorosa, mas o resultado final vale em muito a pena: a descoberta do EU, de uma vivência plena e libertadora!
Hoje, recebemos o novo Prior da Paróquia de S. Pedro em Alcântara, a Igreja encheu, com quem o vinha acompanhar, mas também com quem se queria despedir, ver o Pastor que nos acompanhou durante os últimos 17 anos, uma última vez, mais uma vez ali, naquele altar, naquela Igreja que é a sua/nossa casa, receber a Comunhão por parte dele, ouvi-lo, senti-lo ali...
O sofrimento foi grande de ver outra pessoa naquele lugar, ouvir outra voz a aclamar o Evangelho, a co-celebrar, a tomar posse, o saber que de hoje em diante não veremos outra pessoa, não ouviremos a sua voz, o seu sorriso, os seus cânticos, os seus sarcasmos e más disposições...
A partir de hoje, não sabemos o que será, o que virá, mas temos a certeza do que fomos e do que somos e de quem nos ajudou a chegar até aqui e isso nunca o esqueceremos!!
A Fé, foi semeada por quem junto de nós esteve presente nestes últimos anos, agora, queremos que germine, que dê muito fruto e que não a tapemos com o alqueire, nem a deixemos na escuridão... Verá a luz e será luz, porque é isso que de nós se espera!
Quanto ao Pastor, que neste seu partir em serviço, encontre quem o acolha e saiba neles também sememar a Fé!
A quietude e o silêncio desta casa, é talvez o mais opressivo deste dia, falta alegria, gritos e sons guturais, as birras e a rabugice.
Mas, apesar do que seria de esperar, sinto-me algo liberta, já tenho planos para o resto da semana e estou ocupada com coisas que se arrastavam ad eternum e que agora, vão andar definitivamente para a frente.
Talvez para este estar, contribua o facto de ele ter ficado instrusado no grupo, sem choros, nem dramas, com uma maraca na mão a fazer barulho e a querer explorar a sala onde se encontrava.
Quando o for buscar, logo vejo se o coração oprime mais ainda, ou se liberta da culpa, essa desditosa que me atormenta e acena com a bandeira do abandono!
A esta hora, é assim que me encontro, ao entregar a cria aos cuidados de outrém....
Em preparativos, para o Grande Dia, o início de uma mudança para ambos, nem sei se mais para ele, se para mim...
De entre os items todos que são necessários para a entrada na Creche, destaco, um dossier, onde vai constar a "história de vida" dele, não só com as actividades da Creche, mas com tudo aquilo que os pais acharem relevante. Um livro, a temática desta ano é "era uma vez...", aquele é o livro que ele mais gosta de folhear, segue-se-lhe outro, com uma história "à séria" para ser lida e partilhada!
Podem ter passado oito anos, mas fez-se justiça, valeu a pena as vítimas terem dado a cara ao sofirmento que lhes infligiram, afinal as ameaças, a sedução a que os pedófilos as sujeitaram, não venceu, foi mais forte a coragem...
Bem sei que vai haver recursos, mas a matéria de facto, ninguém a retira do processo e aquela gente nunca mais voltará a andar de "cabeça erguida" na rua...
Que os restantes, aqueles em que poucos acreditam, aqueles a quem nunca se dá ouvidos, aqueles pequenos que supostamente mentiram, esses heróis...consigam levar a vida para a frente, em paz e serenidade!!!
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