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Falava com uma amiga no Facebook, de que tardo e tenho receio da minha integração por cá (no mercado de trabalho entenda-se!) porque na minha consciência, isso levar-me-á a a querer ou a ter de ficar.
Para mim isto é tudo um processo transitório, sem data de regresso definida, é certo, mas ainda assim transitório, saí do meu país porque não tínhamos condições de permanência com mesmo nível de vida que detínhamos até então. Os sacrifícios e as vicissitudes já eram alguns, o facto da creche do meu filho ir encerrar e a solução que queríamos para ele iria revelar-se ainda mais dispendiosa e depois o facto de apenas proporem ao meu marido projectos de trabalho no estrangeiro, com permanência de meses e regresso a Portugal esporadicamente, vieram apressar ainda mais a nossa saída.
O marido foi o primeiro a integrar-se, daí não entender falar-se em regresso, o meu filho começou agora a frequentar a escola que escolhemos para ele, com óptimos resultados quer de adaptação quer de aprendizagem, nem entenderia agora um volte-face em tudo isto.
Falto eu, agarrada às minhas gentes, com um sentimento de abandono de alguns e de perda de outros, ainda num misto de aceitação e de negação de tudo isto.
Se bem que este ano consecutivo aqui e o regresso a Portugal nas férias do Verão, durante quase um mês, tiveram um impacto muito negativo em mim, ou positivo depende do ponto de vista, no que se refere a tudo isto.
Visitei um país deprimido, cansado, sem um sorriso no rosto como era habitual, as ruas pareceram-me mais sujas, degradadas, lúgubres, como se o sol que brilha tantos dias a fio por lá já não fizesse grande diferença nas pessoas e nos locais.
As conversas rodavam sempre à volta do mesmo: dos sacrifícios, da crise, dos políticos, do triste fado português...
Nunca me senti tão mal por sorrir, por estar feliz e contente, afinal estava de férias e para mais com os que amo, mas isso não foi bem visto por muitos, nem entendido por outros tantos, como se não tivesse direito a isso.
Houve quem respondesse a isso com ataques dissimulados e questões pertinentes acerca de eu continuar "enfiada em casa a tomar conta do filho" e "que era fácil virar as costas ao país neste estado", como se o hastear da bandeira destas dificuldades me fizesse sentir culpada pelo sorriso no rosto.
Regressei, sozinha com o meu filho, pus o pé neste país, com pessoas sorridentes, bem-dispostas, educadas reencontrei-me com conhecidos de cá e pensei que a diferença era e é abismal.
Voltei ao meu espaço, reorganizei a minha rotina e tomei consciência que faz cada vez menos sentido regressar, pelo menos enquanto esta nuvem negra da famigerada crise se mantiver, na economia e nas pessoas.
Só me falta conseguir integrar o mercado de trabalho, para me sentir mais de cá e gostar de estar mais aqui, porque lá, agora...agora não dá!
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