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Cresci junto dos meus avós maternos, com a casa sempre cheia de familiares.
Mais tarde os meus pais regressaram de França e com eles os meus tios, não havia fim-de-semana em que não se fizessem petiscos, churrascos, magustos.
As festas eram todas lá em casa, a Páscoa, o Natal. Sempre muita gente, mesa farta, conversas soltas, gargalhadas.
O tempo foi passando, levou-me primeiro o meu avô e aí senti que as coisas esmureceram, seguiu-se a minha avó e foi o completo descalabro, por motivo de invejas, heranças e dinheiros, os meus pais acabaram sozinhos, com a casa vazia.
Descobri tarde que afinal tudo não passava de hipócrisias, de um querer saber nada saudável, apenas para se fazer ainda mais e melhor, de uma presença doentia e pouco acolhedora.
Mas apesar de tudo vivo ainda agarrada aquele passado, aquele estar em família, à presença, da qual sinto imensa falta, embora em plena consciência saiba que nunca foi salutar, nem nunca o virá a ser...
Quando casei, encontrei outros pares, outra maneira de estar em família, de sentir, de partilhar e acolher.
Sou franca que não foi fácil para mim, não era aquilo a que estava habituada, no fundo não eram "os meus".
Num dos meus aniversários (31, talvez?) como os meus pais não puderam/quiseram estar comigo (novamente) resolvi que passaria o dia só com o meu marido, não quis estar com mais ninguém, não quis ver mais ninguém.
A minha sogra telefonou-me, disse que gostava de me entregar a prenda, expliquei-lhe o que sentia, ao que ela retorquiu "nós gostávamos de estar consigo, porque também somos a sua família".
Foram palavras soltas no momento, mas fizeram eco cá dentro...
Veio o casamento da minha cunhada e entreguei-me como se fosse o meu, depois o nosso mundo desabou e vi-os unirem-se como nunca e eu fiz parte de tudo isto, o melhor que soube e pude.
No meio disto tudo nasce o Simão e a presença deles e de cada um foi inestimável.
Agora, desde Outubro de 2011 que a nossa vida deu uma reviravolta de 180º e têm sido incansáveis.
Olho para trás e sinto que sempre me acolheram verdadeiramente, que aqui sim o estar, as conversas, as gargalhadas são verdadeiras.
Sei que as saudades são sentidas de ambas as partes, e que a ausência nos tem custado horrores a cada um.
Sinto que esta é verdadeiramente uma família e minha também, que está aqui sempre presente, nos piores e nos melhores momentos e que não se resume a umas mensagens enviadas por telemóvel, no Natal e nos aniversários, mas que partilha o nosso dia-a-dia.
E é disto que eu preciso e de quem agora, honestamente, sinto tanta falta.
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