Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Foi ontem, o dia da última toma do medicamento anti-depressivo que tomei durante os últimos três anos e meio.
Esta fase do desmame foi muito complicada para mim, por tudo o que acarretou, afinal aquilo não passa de uma droga à qual o corpo se habituou e é um processo longo e difícil deixar de a tomar, de uma forma considerada saudável e possível para quem o faz.
Foi com relutância que comecei a tomar medicação para a depressão, não que não tivesse consciência do que era e do estado em que me encontrava quando iniciei a sua toma, mas pela adição que sabia que provocava, por tornar real aquilo que sentia e sobretudo pelo facto de não conseguir ultrapassar a situação por mim própria, mesmo com a psicoterapia.
No início não se sente o efeito, a toma inicial também é feita gradualmente, deve tomar-se no mínimo durante 6 a 9 meses para que realmente faça algum efeito e fez, senti melhoras, bastantes, mas digamos que também tem o reverso da medalha, os efeitos secundários, o sono, mal-estar, irritabilidade. Se porventura acordasse durante a noite, estava sujeita a uma sensação de torpor, além de parecer que andava em cima de algodão ou rever sombras à minha volta, como se estivesse noutra dimensão.
Além de que a minha energia matinal e o bom humor se terem desvanecido consideravelmente.
Digamos que o desmame agravou esta sintomatologia e os últimos dias que tomei a medicação provocavam-me ansiedade e sofrimento, pelo mal-estar que me iriam causar.
Agora, acabou-se...
Não estou tranquila, antes pelo contrário, reconheço que agora terei de caminhar sozinha, sem coadjuvantes e sei que não vai ser fácil, a depressão é um estado e quem é diagnosticado sabe que as recaídas estão sempre à espreita.
Havia a possibilidade de ficar a tomar a medicação, numa dose muito reduzida, apenas para manter um certo equilíbrio, mas questionei-me muito sobre os benefícios de tudo isso, na medida em que com o desmame senti-me mais "eu", senti a realidade de uma forma nua e crua, como há algum tempo não vivenciava.
Isto por vezes é assustador! A questão está em arranjar estratégias que me permitam lidar com tudo o vivo e que há de vir, sem me deixar afectar, como deixei que acontecesse no passado...
Agora é viver um dia de cada vez, contar com o apoio incondicional do amor da minha vida, da minha psicoterapeuta e repetir em jeito de mantra a Oração da Serenidade:
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.